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Hipocrisia em tempos de pandemia



Fábio Paiva

Apesar de ter votado em Jair Bolsonaro para conduzir os destinos de nossa Nação, não sou bolsonarista, muito menos bolsominion, mas sim um conservador, cristão e patriota, que aplaude ações positivas e que prega a honestidade.  E, por pensar dessa forma, não posso me calar diante de tanta hipocrisia em tempos de pandemia. É lamentável e triste o que estamos assistindo, agora que o número de mortes pela Covid-19 ultrapassou 100 mil. 

Algumas emissoras de TV e jornais de grande circulação, que até pouco tempo eu julgava sérios e com credibilidade, agora só me envergonham. Como jornalista, não consigo acreditar que esses veículos da mídia estejam comemorando e soltando rojões pelo fato de o Brasil ter alcançado tal patamar de infectados e mortos. O prazer e a felicidade explícitos nas faces de certos âncoras, comemorando a desgraça, só para espezinhar e atacar o Presidente da República, é ultrajante e dá nojo. 

Bolsonaro tem sim alguma responsabilidade pelo momento de instabilidade política, talvez por ter falado demais, provocado demais, concedido entrevistas demais, atropelado seus ministros e técnicos em assuntos que não dominava. Ele foi atacado por ter defendido com unhas e dentes a hidroxicloroquina como protocolo para evitar milhares de mortes. Bolsonaro também foi massacrado por defender o isolamento vertical, focado em idosos e grupos de risco, com o argumento de manter a economia girando. Mas daí, colocar a culpa pelos 100 mil mortos sobre seus ombros é, no mínimo, uma injustiça e uma inverdade. 

Na minha avaliação, existem muitos culpados pelos mortos da Covid-19, como o Supremo Tribunal Federal, quando retirou do Governo Federal o poder de interferir em ações locais, como o estabelecimento de quarentenas e o fechamento do comércio.  O que vimos foi um festival de trapalhadas, como a do rodízio de veículos em São Paulo, que forçou milhões de trabalhadores a se aglomerarem nos transportes públicos, aumentando suas chances de contrair a doença. Vimos prisões e denúncias de corrupção e de desvios dos recursos federais, que não foram poucos, para combate ao coronavírus e ao tratamento de pacientes infectados. No Rio de Janeiro, por exemplo, foram jogados no esgoto milhões de Reais gastos em hospitais de campanha que nunca funcionaram e já estão sendo desmontados.

Os ministros togados ainda concederam carta branca para a realização de pancadões e bailes funk nas comunidades, ao proibir ações da polícia durante a pandemia nessas localidades. As TVs, em seus noticiários fúnebres, mostraram os eventos, com a participação de milhares de jovens sem máscara, bebendo, beijando e disseminando a doença, com as bênçãos do STF. 

Também têm responsabilidade alguns governadores, como os do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, que convidaram o mundo inteiro para o Carnaval enquanto o Presidente Bolsonaro já havia decretado, no dia 4 de fevereiro de 2020, estado de emergência em saúde pública no País, antes mesmo que o primeiro caso fosse confirmado no Brasil. O Carnaval aconteceu entre 21 e 26 de fevereiro, aí sim quando a doença já se espalhava em todas as regiões. Alguns governadores e prefeitos também são culpados por impedirem a população de usar a hidroxicloroquina como protocolo de tratamento precoce. Eles seguiram as orientações de um ex-ministro da Saúde, que também é culpado por impedir que o SUS adotasse o protocolo que já estava salvando incontáveis vidas na rede hospitalar privada. 

A TV Globo, que usou um médico/celebridade para dizer que tudo não passava de uma gripezinha e que o Carnaval Globeleza podia acontecer sem riscos, também tem culpa neste cartório. Agora, na maior hipocrisia, é a emissora que mais ataca Bolsonaro, acusando-o de ser o principal responsável pelas 100 mil mortes.

E, por fim, o Congresso Nacional também tem suas responsabilidades. Das 124 Medidas Provisórias assinadas por Bolsonaro desde que tomou posse, 30 perderam a validade por falta de votação dentro do prazo regimental. Só Michel Temer, em 19 meses de Governo, teve mais MPs caducadas, 33 no total. A Medida Provisória que visava flexibilizar as regras trabalhistas para a manutenção de empregos durante a pandemia foi uma das que caducaram. Portanto, se hoje existem 20 milhões de desempregados, o Legislativo tem sim uma parcela de culpa. E vale ressaltar que desemprego provoca fome, desespero e morte.
Gostaria de dizer aqueles que usam caixões como palanque político/eleitoreiro, que semeiam o pânico entre a população, que se chegamos a 100 mil mortos pela Covid-19, é porque a corrupção, a falta de sensibilidade e de patriotismo, assim permitiram. 

Tenho consciência de que o Governo Federal fez o que podia e estava a seu alcance. Liberou bilhões de Reais em dinheiro, equipamentos e medicamentos a estados e municípios, mobilizou as Forças Armadas em ações emergenciais, possibilitou a sobrevivência de 66 milhões de brasileiros desempregados e informais, com o pagamento do auxílio emergencial, e garantiu vida a 100 milhões de brasileiros, ao investir R$ 2 bilhões dos cofres públicos em vacina contra a Covid-19. 

Os hipócritas, infelizmente, não valorizam as boas ações e vão continuar soltando foguetes a cada brasileiro morto.

Fábio Paiva é jornalista, analista em marketing digital, designer gráfico e Diretor-Executivo da FStation Comunicação.
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