Por que não??
Agentes de segurança são favoráveis à desmilitarização.
Para 80,9%, o ideal seria implantar estrutura unificada da força policial
Pesquisa:73,7% defendem fim de vínculo com Exército ou PM; 99%, apontaram, entre as dificuldades do trabalho, os baixos salários
A maioria dos agentes de segurança brasileiros, sejam eles militares ou civis – federais ou não –, são a favor da desmilitarização da polícia. Esse é o resultado de pesquisa realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, pelo Centro de Pesquisas Jurídicas Aplicadas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.
A pesquisa mostrou que 73,7% defendem o fim do vínculo com o Exército da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Porém, entre os oficiais, o dado é o inverso. Mais de 80% querem manter tudo com está. E 80,9% dos entrevistados gostariam que fosse implantada uma estrutura unificada da força policial por ingresso através de concurso público.
Quando o recorte é somente entre os militares, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, esse índice sobe para 76%. Ao todo, 21.101 formulários foram preenchidos em todo o país. Mas apenas 2,2% são de Alagoas. Por isso a FGV não tem os dados apenas locais.
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol), Josimar Melo, defendeu a desmilitarização da polícia e sua unificação, em todo o país. “Mas somos contra a municipalização”, ressaltou. Segundo ele, o funcionamento do trabalho policial fica melhor sem o vínculo militar. “A força policial tem de ser civil”, afirmou.
A presidente da Associação de Bombeiros Militar de Alagoas (ABMAL), major Camila Paiva, fez algumas ponderações sobre a pesquisa. Segundo ela, é preciso mais estudos e debates sobre a desmilitarização da polícia. “Há pontos positivos e negativos sobre esse tema”.
Ela reconhece como problemas da militarização a falta de direitos que as pessoas civis têm, como o de opinião sobre a corporação, de greve ou mesmo, o de debater política. “Grande parte da tropa é a favor da desmilitarização”.
Contudo, a major Camila Paiva afirma que existe uma “inversão de valores” imposta pela sociedade e parte da imprensa. Segundo ela, o bandido é tratado como “coitadinho”. “Se um militar comete um erro, deve ser julgado. Mas daí a criminalizar os militares é outra história”, reclamou a major.
Jorge Venerando é presidente do Sindicato dos Policiais Federais em Alagoas (Sinpofal). Para ele, a unificação da polícia no Brasil e federalizada é “um sonho”. Assim, assegura o policial federal, teríamos uma polícia mais humanizada, em sintonia com a proteção da sociedade e com os Direitos Humanos.
“Se pelo menos se unificassem as policias nos estados, civil e militar e as federais, rodoviária e a PF, já seriam um avanço incrível”, afirmou Jorge Venerando. “Teria que ter um efetivo uniformizado, para o trabalho ostensivo e um efetivo desuniformizado, para o trabalho investigativo”, explicou.
Jorge Venerando destaca a necessidade de revogar os regulamentos disciplinares dos policiais militares. “Aquilo é do tempo da ditadura. O julgamento militar para os PM’s é muito duro”. Segundo a pesquisa da FGV, 93,6% são favoráveis a essa mudança.
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