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Analista que previu Vitória de Trump fala sobre as últimas pesquisas presidenciais

Felipe G. Martins


Para quem não conhece, ele foi um dos únicos analistas políticos q previu a vitória do Trump, enquanto quase toda a imprensa americana e toda a imprensa daqui dava certeza de derrota dele

01. Foi divulgada na madrugada de hoje a mais recente pesquisa do Instituto Datafolha, que se soma às sondagens do CNT/MDA e do Ibope entre as pesquisas realizadas após a oficialização das candidaturas e os primeiros debates televisivos.

02. No Datafolha, Bolsonaro aparece em primeiro lugar com 22% das intenções de voto, seguido por Marina Silva com 16%, Ciro Gomes com 10%, Alckmin com 9% e Haddad e Alvaro Dias com 4% cada um. Meirelles e Amoedo apresentam seus melhores desempenhos até o momento, chegando a 2%, mas ainda empatados tecnicamente com os últimos colocados, Cabo Daciolo e Guilherme Boulos, que aparecem com 1% cada.

03. Esses números confirmam a tendência apresentada pelas outras duas sondagens divulgadas esta semana (Ibope e MDA): após um período de estagnação e com o início da exposição televisiva, o Deputado Jair Bolsonaro voltou a crescer acima da margem de erro, apresentando uma clara tendência de alta.

04. Também em consonância com o que ocorre nas outras pesquisas, o Datafolha mostra que Bolsonaro é o único candidato, à exceção de Lula, que é mencionado espontaneamente pelos eleitores, tendo subido de 12% em junho para 15% de menções espontâneas, na pesquisa divulgada na madrugada de hoje. Os demais candidatos não são citados espontaneamente e terão que lembrar os eleitores de sua existência, torcendo para que isso se converta em votos.

05. É importante enfatizar que pesquisas eleitorais, apesar de seus problemas metodológicos (e descartados os problemas éticos), costumam ser úteis para a aferição de tendências, uma vez que, com raras exceções, mesmo institutos questionáveis tendem a apresentar corretamente as tendências no intuito de manter alguma verossimilhança e continuar competitivos no mercado.





06. Isso significa que essas pesquisas servem para identificar tendências e não para apresentar um retrato exato do eleitorado em um determinado momento. Em 2016, por exemplo, o Datafolha não cravou a vitória de João Dória em São Paulo, mas apresentou corretamente a tendência de alta acentuada do candidato tucano. Em 2014, do mesmo modo, embora não tenha cravado a ida de Aécio Neves para o segundo turno da disputa presidencial, apresentou de modo acertado a tendência de crescimento do candidato do PSDB.

07. Quanto a isso, é importante lembrar que o Datafolha, historicamente, tem inflado os números do PT. Isso pode ter duas explicações: (a) uma explicação metodológica: o recorte dos estratos sociais utilizado na metodologia do Datafolha nunca se traduz efetivamente nas urnas, onde costuma haver uma abstenção maior entre o eleitorado com menor poder aquisitivo e com menor grau de instrução (dois grupos em que o PT costuma levar vantagem); (b) uma explicação ética: Mauro Paulino, diretor do Datafolha, é um notório petista.

08. Seja como for, o grande dado eleitoral da semana é o de que Jair Bolsonaro, longe de ter atingido um teto, é o único candidato que cresceu acima da margem de erro em todas as pesquisas, sendo, portanto, o único que se beneficiou da exposição nas sabatinas e nos debates televisivos.

09. Adicionalmente, Bolsonaro parece ser o candidato mais bem posicionado para se beneficiar do chamado "voto útil".

10. Segundo o tracking da XP, 42% dos eleitores de Bolsonaro tem o voto nulo como segunda opção; 13% votaria em Alvaro Dias e outros 13% em Alckmin como segunda opção; enquanto que 6% optaria pelo voto em Daciolo e 5% em João Amoedo, caso não pudessem votar no capitão.

11. Por outro lado, Bolsonaro é a segunda opção de 23% dos eleitores de Alvaro Dias, 18% dos eleitores de Marina Silva, 9% dos eleitores de Ciro Gomes, 6% dos eleitores de Geraldo Alckmin e 5% dos eleitores de Fernando Haddad.

12. Isso significa que conforme a eleição for se aproximando e o PT for se fortalecendo, muitos dos eleitores de Alvaro Dias e de Marina Silva (ambos votos bastante voláteis e pouco garantidos) migrarão para Bolsonaro por motivos pragmáticos e pela tendência do eleitorado de sempre votar no candidato mais viável dentre as opções.

13. Com isso, pode-se concluir que as chances de que o Deputado Jair Bolsonaro esteja no segundo turno (já bastante altas) se tornaram ainda maiores e mais difíceis de serem revertidas com o início da propaganda eleitoral.

-- Filipe G Martins



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