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O EFEITO EXPECTADOR.

“O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade.”

Albert Einstein.

Na madrugada de 13 de março de 1964, a americana Kitty Genovese foi esfaqueada e estuprada quando chegava a sua casa, no bairro do Queens, em Nova York.

Os desesperados gritos por socorro foram ouvidos, conforme demonstrou a investigação policial, por 38 pessoas, moradoras de apartamentos próximos.

A maioria chegou até a janela, viu o ataque e voltou para cama. Apenas uma testemunha gritou de sua janela para o agressor deixar a mulher em paz.

Entre todos, só uma mulher ligou para a polícia. Kitty Genovese morreu a caminho do hospital. Ela tinha 29 anos.

O repórter do "New York Times" Martin Gansberg percebeu a dimensão da notícia, que saiu na primeira página.

O foco da matéria era a quantidade de testemunhas que ignoraram o sofrimento da vítima e nada fizeram.

A notícia foi replicada por todo o mundo, e estudiosos do comportamento debruçaram-se sobre o evento, criando o termo “efeito espectador” ou “efeito Genovese”, que nada mais é do que a apatia vigente na sociedade diante do sofrimento do outro, a total falta de coragem em agir, a covardia.

Por incrível que pareça, o “efeito espectador” não é observado entre os animais, como demonstra a etologia, a ciência que estuda o comportamento animal.

Só o homem mostra-se indiferente ao sofrimento do seu semelhante.

Foi assim recentemente com um médico atacado na Lagoa quando pedalava sua bicicleta.

Ele foi esfaqueado por assaltantes mirins e morreu. Ninguém perseguiu os agressores ou tentou defendê-lo.

Um policial militar foi torturado, morto, teve seu corpo preso por uma corda a um cavalo e foi arrastado pela favela por traficantes.

A selvageria típica da Idade Média pouco impactou a sociedade.

Ólogos e ólogas, aguerridos defensores de direitos dos excluídos, nada falaram. Nem uma única palavra.

O grande problema não está nessa indiferença.

O grande problema vai existir quando aqueles que escolheram colocar suas vidas em defesa da sociedade também agirem com o “efeito expectador”.

Não está longe tal dia, pois o que se ouve nas corporações policiais é: quero para a sociedade o mesmo que ela deseja para mim. Ou seja, que ela se dane.


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